segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Sarney finge esquecer o discurso que Lula finge não ter feito

Eu sei que o texto é grande, mas leiam, é sensacional

(sensacional = triste ver como as coisas acontecem as claras e ninguem faz nada)

“A burguesia deita e rola às custas da burrice da esquerda desse país. A coisa é mais séria do que cada um de vocês pode imaginar e a televisão nem sempre conta a verdade pra população. Aliás, na maioria das vezes o povo não sabe da verdade. O povo brasileiro, a dona de casa o adolescente, o aposentado, o chefe de família, ele hoje está desacreditado em tudo, porque muitas mentiras foram contadas para cada um desses 40 milhões de brasileiros”.

“Traíram o povo brasileiro no primeiro Plano Cruzado, traíram o povo brasileiro no segundo Plano Cruzado, traíram o povo brasileiro no plano Bresser Pereira, e agora o povo está mais desacreditado ainda porque alguns vieram na rua prometer que a Constituinte iria resolver todos os problemas. Não vai resolver porque nós somos apenas cem ou cento e poucos deputados comprometidos com a luta desse povo e tem quatrocentos e cinqüenta representantes do poder econômico e que não estão a fim de fazer com que a Constituição garanta direitos ao nosso povo”.

“Nós somos um país aonde a história é contada pela Rede Globo de Televisão porque o senhor Roberto Marinho não faz outra coisa a não ser mentir para o povo. Nesse país miserável a classe trabalhadora ganha 2.200 cruzados por mês, e 2.200 cruzados por mês não dá pra nenhum cidadão sobreviver”.

“Seria por demais importante pra classe trabalhadora que, ao invés do Sarney dar 250 cruzados em abono para a classe trabalhadora, pede pra mulher dele ir pro supermercado fazer surpresa, ele iria perceber que não dá pra comprar pra essa classe trabalhadora comer. Nós somos um país aonde quem manda aqui, apesar de Tiradentes ter morrido pela nossa independência, a nossa independência ainda não chegou aqui porque ficou na conta dos banqueiros internacionais. E o governo brasileiro não tem alternativa, ele vai ter que escolher: ou ele enche o rabo dos banqueiros de dinheiro do nosso sangue ou do nosso suor”.

“A Nova República é pior do que a velha, porque antigamente na Velha República era o militar que vinha na televisão e falava, e hoje o militar não precisa mais falar porque o Sarney fala pelos militares ou os militares falam pelo Sarney. Nós sabemos que antigamente, os mais jovens não conhecem, mas antigamente se dizia que o Ademar de Barros era ladrão, que o Maluf era ladrão. Pois bem, Ademar de Barros e Maluf poderiam ser ladrão, mas eles são trombadinhas perto do grande ladrão que é o governante da nova República, perto dos assaltos que se faz”.

“Nós não queremos as eleições diretas para tirar o sicrano e botar beltrano. Nós queremos eleições diretas pra tirar um segmento social e colocar outro segmento social, nós queremos as eleições diretas para tirar a burguesia e colocar a classe trabalhadora pra governar esse país. O ministro da Previdência Social pegou 1 bilhão de cruzados e ao invés de aplicar no salário dos aposentados, comprou 328 apartamentos para 328 marajás em Brasilia. O presidente da República ao invés de fazer açude, ao invés de fazer cacimba, ao invés de fazer poço artesiano ou fazer irrigação no Nordeste, vai gastar 2 bilhões e meio de dólares pra construir uma ferrovia, Norte-Sul, ligando a casa dele no Maranhão até a casa dele em Brasília”.

“Nós não temos governo. O Sarney, ora diz que manda, mas não manda, quem manda é os milico, o Ulisses Guimarães ora diz que manda, mas não manda, quem manda é os milico. E na briga do Sarney com Ulisses, quem manda mais ou quem manda menos, a classe trabalhadora se ferra. (…) Para que a gente tenha um outro tipo de país é preciso que a gente tenha um outro tipo de governo porque esse que tá lá não é governo, esse que tá lá, na verdade, é um impostor porque não chegou à Presidência da República pelo voto direto do povo; chegou à Presidência da República assaltando o poder“.


Esse discurso é de 1987, e quem lembrou dele foi o Augusto Nunes, na sua coluna na Veja.

3 comentários:

Anônimo disse...
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Marco Frugiuele disse...
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Marco Frugiuele disse...
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